foi uma expressão utilizada no passado, originada de uma propaganda de bebida que passou a significar Eu sou você amanhã. A expressão consagrou-se para correlacionar o que acontecia no Brasil e Argentina na época dos sucessivos planos econômicos (décadas de 80 e 90 do século passado) com o país de los hermanos antecipando o que viria a acontecer por aqui. Dizia-se então que o Brasil sofria do efeito Orloff em relação à Argentina.
A Folha de 21.12 publica uma matéria com a preocupante constatação de que crescemos abaixo da média mundial desde 2011 e continuaremos assim provavelmente até 2026 mesclando recessão com estagnação. Em 2014, enterramos a Lei de Responsabilidade Fiscal e acabamos de fazer o mesmo com o teto de gastos. A trajetória marcada por tantos erros, me fez lembrar da Argentina e do temido e indesejado Efeito Orloff.
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A Argentina, nos primeiros 30 anos do século passado, frequentou a lista das dez maiores economias do mundo a ponto de em Paris se usar a expressão riche comme un argentine. A partir da crise de 1929, o país iniciou uma arremetida para o fundo do poço que parece não ter fim. Foram 6 golpes de Estado, com 5 resultando em ditadura, 6 calotes no pagamento da sua dívida externa (Infomoney) e cinco mudanças de moeda (El País). Em 2020, 33% da sua população vivia em situação de pobreza, e sua inflação anual superava os 50%, de acordo com o UOL. Para explicar tamanha débacle, criou-se no meio econômico a expressão paradoxo argentino. Também, nesse meio circula a afirmação, que classifica as economias dos diferentes países em quatro tipos: desenvolvidas, subdesenvolvidas, Japão e Argentina.
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As causas econômicas e políticas para tamanho e incomum retrocesso são várias e já foram dissecadas por ínúmeras teses, papers e livros. Os links acima, remetem a matérias que permitem um overview para introduzir-se na questão. O pouco que conheço do país e dos argentinos, leva-me a concordar com as razões apontadas para a crise que não tem fim, feitas pelo Premio Nobel Paul Samuelson (El País):
A Argentina é o clássico exemplo de uma economia cujo estancamento relativo não parece ser consequência do clima, das divisões raciais, da pobreza malthusiana e do atraso tecnológico. É sua sociedade, não sua economia, que parece estar doente.
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E voltamos ao Brasil e suas mazelas. Se você informar-se um pouco só, a respeito das argentinas, vai constatar que muitas das nossas assemelham-se às do país vizinho. Tanto lá como aqui, temos uma sociedade doente. Gostaria de estar errado, mas podemos estar vivenciando com a segunda década deste século, o que os argentinos viveram a partir dos anos 30 do século passado.
Efeito Orloff, mais uma vez?
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