quarta-feira, 3 de novembro de 2021

Septuagenário (III)

 MORRER... DORMIR... 

Morrer... dormir... não mais! Termina a vida, 

E com ela terminam nossas dores; 

Um punhado de terra, algumas flores, 

E, às vezes, uma lágrima fingida! 


Sim! minha morte não será sentida; 

Não deixo amigos, e nem tive amores! 

Ou, se os tive, mostraram-se traidores, 

- Algozes vis de uma alma consumida. 


Tudo é podre no mundo! Que me importa 

Que ele amanhã se esb’roe e que desabe, 

Se a natureza para mim é morta! 


É tempo já que o meu exílio acabe... 

Vem, pois, ó Morte, ao nada me transporta... 

Morrer... dormir... talvez sonhar... quem sabe? 

Francisco Otaviano

 

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