A grande - talvez a maior - geração da música brasileira ou está morrendo - Gal Costa se foi na semana que passou! - ou ficando octogenária como Paulinho que completou 80 anos dia 12. Ele se junta à constelação de Chico, Caetano, Gil e Milton, todos também com 80 anos. É de se supor que baianos da Tropicália e mineiros do Clube da Esquina também devam estar vizinhos a ela. Todos começaram a brilhar nos anos 60 do século passado; uma década que deixou marcas profundas na cultura do Brasil e do mundo inteiro. E pensar que vivi esses anos em um seminário. Acompanhava de longe pelos jornais. Foi o que me coube.
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Paulinho sempre trilhou caminhos próprios. A fidelidade às suas raizes do samba e do choro, entretanto, não impediu que trocasse figurinhas com os outros expoentes da sua época - alguns deles citados acima - e que trilhavam outros caminhos musicais. Ele, que mesmo não tendo nascido no morro - tijucano que acabou se fixando em Botafogo - convivia, cantava e compunha com o pessoal que lá morava.
Discreto, afável, deixa a impressão de ter aquilo que os gaúchos chamam de lhaneza no trato. Deve ter sido uma das tantas razões que o levaram a ser considerado o Príncipe do Samba; ele que nem do morro é.
Mesmo não sendo muito afeito ao samba passei a considerá-lo muito, depois de um episódio ocorrido num desses mega-shows que a Prefeitura do Rio promovia nos finais de ano em Copacabana para o qual foi contratada a nata da MPB; sei que Gil e Caetano estavam. Não lembro por qual motivo, foram revelados os cachês astronômicos pagos a esses caras e que todos à excessão de Paulinho - tinha um cachê menor - declararam valores mais baixos para fugir do fisco. Paulinho, elegante até na cobiça pelo vil metal.
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Em uma entrevista dada à Ilustrissima no dia 11, mostrou que é um sábio também:
...quando você é mais jovem, tem projetos e erra muito. Não quer dizer que aos 80 anos você não vá errar, mas tem coisas que escreveu ou fez ou disse que você não diria mais. Aos poucos, vai amadurecendo até o ponto em que descobre que não sabe nada
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É de Paulinho uma das 10 músicas brasileiras que eu elencaria sempre: Sinal Fechado, aqui com Elis Regina, no antológico Transversal do Tempo. É um hino da incomunicabilidade e solidão humanas. Bem que podia fazer parte da trilha sonora de um filme de Bergman.
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Mas isso não é o Paulinho-raíz. Prá marcar esse lado, vai aí um choro com Paulinho no cavaquinho, seu pai Cezar Faria no violão, Copinha na flauta, Elton Medeiros no pandeiro e por aí vai (créditos ao final). Só bambas...
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