...que me dá motivos para aguçar o espírito crítico; também as traduções, que alguém já traduziu (!?!) como traições. A julgar por este exemplo ...
No artigo de Mario Sergio Conti para a Folha de ontem - peça laudatória à entidade eleita presidente da República no domingo que passou - é citada uma frase recitada pelo coro ao final da peça Édipo Rei de Sófocles:
Não se diga que um homem é feliz até ele estar morto.
Fui consultar o livro Tragédias da coleção Grandes Clássicos da extinta Abril Cultural, em que Edipo Rei está incluida e vejam a tradução que Geir Campos deu para a frase:
Por esta razão, enquanto uma pessoa não deixar esta vida sem conhecer a dor, não se pode dizer que foi feliz.
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Qual é a correta? O ideal seria o acesso à obra original. No exemplo, o grego. Quantos o conhecem a fundo para se habilitarem a traduzir?
Boa parte dos clássicos da antiguidade foram escritos em linguas mortas, como o grego e o latim, ou em versões arcaicas do inglês como as obras de Shakespeare, por exemplo. Muito provavelmente a maior parte delas são traduzidas para o português, a partir de uma versão dos originais para o francês ou o inglês, na sua forma atual.
Mais preocupante ainda é o fato de que a partir de uma tradução de uma tradução - bota traição aí...- defendem-se teses, escrevem-se artigos para jornais e revistas.
Cum grano salis, já diziam os latínos. Não compra como verdade o que te vendem pelo seu valor de face.
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