Nunca fiquei tanto tempo afastado desse meu cantinho no mundo. Um dos meus seis leitores enviou-me um whatsapp perguntando se tinha abandonado o blog. Ainda não, mas os tempos ficaram muito difíceis em julho. Espero que agosto, apesar de ser o mês do desgosto, não me reserve dias piores.
Desde a criação do blog enfrentei três tempestades. Nas duas anteriores - um final tumultuado de relação afetiva/amizade com direito a baixaria na Internet que fui obrigado a engolir e uma guinada de 180 graus na minha atividade profissional que o tempo vem mostrando não ter sido a mais correta - continuei escrevendo, mesmo com as veias abertas.
Já a tempestade que enfrento - reforma total do apartamento - tem me consumido a alma, o tempo e a inspiração mais do que as outras duas.
Haviam me avisado que a tarefa seria dura. Contratei engenheiro, pois ia derrubar paredes, e arquiteta para arredondar minhas idéias a respeito de espaços interiores. No começo tudo parecia que daria certo. Era apenas o começo... O tempo, senhor da razão, mostrou que eu estava errado. Descobri que a equipe do engenheiro é especializada em construção de apartamentos para aluguel, com raras exceções, composta por profissionais subalocados de pouco qualificação e de baixíssima produtividade. Ele próprio, é auto-centrado no seu mundo de construção de baixa qualidade e acabamento. Nada do que faz está errado, mesmo com o erro saltando aos olhos. Interessa-lhe cumprir as etapas do projeto, não importando de que maneira. Cobrado... discute, encara... põe a culpa nos outros. Ontem mesmo tive uma discussão séria com ele e seu mestre de obras. A arquiteta é uma moça de bom trato mas nada coloca no papel; é pouco criativa. Tem uma amiga maluquete, esta sim, cheia de idéias, embora concorde com poucas delas.
A verdade foi-se revelando ao longo do tempo e tudo ficou muito claro na hora do acabamento, exatamente no mês que passou. Obriguei-me a passar tardes e dias inteiros na obra para que ela fosse concluida (?!), mesmo assim com duas semanas de atraso. Praticamente expulsei-os do apartamento, para a ele retornar após 4 meses e meio. Aluguei um conjugado que com o estouro do prazo, passou a ser cobrado em taxa diária. A volta deveria ser acelerada para evitar a sangria financeira.
Em casa novamente, praticamente acampado, corrijo a miríade de mal-feitos da equipe de engenharia - ralos entupidos, teto de gesso e portas de blindex fora de prumo. Uma festa!
Balanço?
Não valeu a pena. Eu, próprio, não estava a altura do desafio, muito maior que o imaginado face à baixa qualidade dos serviços de engenharia e da pouca participação da arquiteta. Ficou um travo na garganta, um gosto amargo na boca.
- Como vocês está magro! É o que todo mundo diz. O bruxismo retornou. O sono encurtou. Pior... começa a crescer uma barriga indigesta pois abandonei a ginástica. Nem as mulheres, nem os poderosos me abalaram tanto. A obra conseguiu esse feito. Uma autêntica bad trip... e do inferno não se retorna sem cicatrizes.
- Como vocês está magro! É o que todo mundo diz. O bruxismo retornou. O sono encurtou. Pior... começa a crescer uma barriga indigesta pois abandonei a ginástica. Nem as mulheres, nem os poderosos me abalaram tanto. A obra conseguiu esse feito. Uma autêntica bad trip... e do inferno não se retorna sem cicatrizes.
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