Existe uma piada, chiste sei lá, que faz blague com os diversos tipos que compõem o Brasil usando o churrasco como pano de fundo. Ele seria um sucesso em uma praia nordestina, com um assador gaúcho, organizado por um paulista e animado por um carioca; um fracasso se programado para uma praia gaúcha, assado por um nordestino, organizado por um carioca e animado por um paulista. Tudo o que se passou com a Olimpíada reflete bem a caricatura que a piada faz do carioca. Antes dela, a desorganização ficou evidenciada no incidente com o alojamento destinado à delegação australiana, na utilização do Metrô da Linha 4 sem os testes feitos usualmente antes de sua liberação para o público, a incúria e incompetência apareceram na queda de parte da ciclovia Tim Maia entre São Conrado e o Leblon. A violência de pré-guerra civil na cidade a que estamos acostumados a todos assustava; somava-se a possibilidade da violência que poderia vir de fora com o terrorismo.
Foram os Jogos começar e aí apareceu o que o carioca talvez tenha de melhor, sua animação e calor humano além da capacidade de receber bem acabaram jogando todo o alarmismo prá baixo do tapete. A presença ostensiva da Força Nacional e da tropa de elite do Exército fizeram a bandidagem baixar a bola. A rotina das competições e administração dos palcos das competições é da responsabilidade de uma companhia que gerencia
o evento desde Atenas; cobra horrores mas fez tudo funcionar a contento. A
peteca não caiu. O resultado superou as expectativas.
Participei de diversos eventos e encontrei o transporte funcionando, voluntários atenciosos embora mal preparados e mal distribuidos, a animação e má-educação da torcida que não hesitava em vaiar e a ofender a quem se interpusesse no caminho de um atleta nacional, os preços abusivos e a qualidade sofrível da comida nos locais das competições, uma segurança no estilo prá inglês ver - só não houveram atentados porque a turma resolveu não dar o ar da graça, caso quisesse estava fácil. Uma Olimpíada brasileira da gema com todos os ingredientes que fazem desse país ser o que é, naqueles serviços que estiveram sob nossa responsabilidade.
Há também as obras que certamente vão melhorar a cidade como a revitalização do Centro. Temia que a derrubada da Perimetral viesse complicar ainda mais a passagem pelo Centro mas reconheço que até agora as evidências são promissoras. O túnel que a substituiu caiu do céu. Minha volta para casa a noite se faz no máximo em 30 minutos.
... e os tocadores de bumbo já estão apregoando que agora o Rio vai dar certo. Outra chance? Torço para que isso ocorra, mas se o carioca não fizer um mea culpa e mudar radicalmente seus muitos e maus hábitos voltaremos mais cedo do que pensamos ao tormento que foi viver por aqui nos meses que antecederam a Olimpíada. O trânsito, certamente irá melhorar com a conclusão das obras, mas e a violência, a falta de urbanidade, a desorganização, a sujeira... desaparecerão como em um conto de fadas?
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