Torna-se cada vez mais penosa uma crítica a produções, obras e posturas de negros, mulheres, turma LBGTQI+. Muito provavelmente ela será (des)qualificada como racista, machista, misógina, homofóbica... por aí vai.
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O escritor José Eduardo Agualusa - identifica-se como angolano, prá lá da paranóia racial de negro ou branco - que maluco algum ousaria classificar como de direita ou conservador; suas posições são muito mais simpáticas às minorias progressistas, basta ler sua entrevista ao UOL - ousou em uma resenha tecer críticas ao badalado livro Torto Arado do baiano Itamar Vieira Junior. Recebeu de volta a acusação de praticar whistesplaining - branco abordando uma questão que é da conta dos negros. Agualusa, que é colunista do O Globo, rebateu com o oportuno artigo Fiscais da Raça, criticando Itamar por sua insistência em classificar qualquer crítico de sua obra como racista. Ele é o terceiro da fila; duas outras críticas, uma delas feita por pessoa negra, já tinham sido agraciadas com a distinção.
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A assertiva Milly Lacombe, é colunista de futebol do UOL - mas mete a colher em tudo, especialmente em causas de raça, gênero... - comentando a eliminação da exageramente inflada seleção brasileira feminina de futebol escreveu que machismo e misoginia rolaram em campo depois da eliminação. As críticas que lí - não foram todas per supuesto - foram respeitosas com a equipe e com a treinadora. Qualquer pessoa que acompanhe futebol minimamente, sabe da baixaria que rola quando a seleção brasileira masculina termina uma Copa sem o caneco. Jogadores, comissão técnica e dirigentes são frequentemente enxovalhados. Não vi, nem li nada parecido com a seleção feminina - e olha que foi grande o oba-oba em torno dela! - fato que teria favorecido a assertividade nas críticas, mas a nossa Milly estava lá colocando a questão de gênero na mesa.
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...e até a Natália Pasternak, mulher inteligente e com respeitável currículo acadêmico, justifica como machismo e misoginia as críticas pesadas que está sofrendo pelo que escreveu no seu livro Que bobagem!.... em que questiona algumas vacas sagradas - acunpuntura, homeopatia e até a psicanálise! - do nosso imaginário popular e acadêmico. Na minha opinião ela recebeu a carga pesada muito mais porque é a mentora intelectual do que está escrito; o jornalista-homem apenas tornou palatável ao leitor leigo o que ela pesquisou. A protagonista é ela, o jornalista é o personagem. Mas até o que poderia ser exibido com orgulho, deu margem para a vitimização.
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A boa e velha razão que nos distingue na natureza está sendo sequestrada por questões menores.
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