terça-feira, 1 de agosto de 2023

No mês do desgosto, vamos começar nas alturas...

Claudio Monteverdi (1567/1643) é tido como um dos fundadores da ópera; há quem o compare à trinca de maiorais: Bach, Mozart e Beethoven. 

De acordo com a extensa matéria elaborada pelo site português Observador, foi o artífice-mor da transição da música polifônica renascentista - de extraordinária perfeição, erudição e beleza, de superfície impecavelmente polida e homogênea e engrenagem milimetricamente ajustada, mas pouco reativa ao texto -  para o Barroco.  Ele fez com que  a monodia se projetasse  frente à polifonia, tornou popular a ópera e a cantata. Os instrumentos musicais,  de meros coadjuvantes musicais passaram a ter vida própria e o canto passou a expressar as emoções do texto. 

O dueto abaixo, - Pur ti miro, pur ti godo - tido como um dos mais belos duetos de amor da história da ópera faz parte de uma de suas poucas óperas preservadas: L'incoronazione di Poppea que estreou em Veneza em 1643.


Não sei o quanto Monteverdi era popular na sua época - daí talvez a impropriedade da minha comparação, pois estaria estabelecendo paralelo entre gêneros diferentes -  mas ouvindo algo tão delicado e comparando com o é produzido musicalmente hoje a sensação que tenho é de estamos involuindo. Lembro de ter lido muito tempo atrás, lá pelo final do século XX, alguém comparando a música produzida à época - o rock era a estrela! - ,  com a produzida  em épocas anteriores - começava com o período clássico -  e ter concluido que a julgar pelo andar da carruagem  estaríamos retornando ao grito primal.  Estava certo.  O que se anda produzindo, ou pelo menos ouvindo,  20/30 anos depois só confirma suas sombrias previsões. 

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