terça-feira, 25 de julho de 2023

O desafio da montanha




Foi um sonho adiado pelo menos por um ano devido a várias intercorrências: problemas com o calçado, uma queda que machucou meu joelho esquerdo portador de uma artrose profunda e por fim o tempo muito chuvoso a partir de novembro que se estendeu por todo o verão. No ano atual um corte profundo no pé direito só permitiu minha caminhada em julho. 

Enfim, chegou a hora e no dia 17 ensaiei os meus primeiros passos no Caminho da Fé. Pretendia percorrer o trajeto tradicional de Aguas da Prata-SP até Aparecida-SP; em torno de 300 km. Queria testar meus limites; sou um velhinho de 72 anos com sérios problemas de artrose no joelho esquerdo. Seria também um laboratório para um caminho maior; aquele de Santiago, embora este tenha um grau de dificuldade bem maior.



Não passei da primeira etapa. Sofri um entorse no tornozelo esquerdo que me fez desistir no 2o dia de caminhada, após ter percorrido os 30 kms iniciais até Andradas-MG e um obstáculo subestimado pelas
informações que possuia: o Pico do Gavião. Mas foram muitas as lições. 

A mais importante é a humildade com a montanha. Enfrentá-la com parcimônia, dosando suas forças,  particularmente em suas subidas e descidas mais íngremes, caso contrário... Só não fiquei pelo caminho pois percorri os 7/8 kms finais sem a mochila que pegou uma carona com  um carro de apoio de outro grupo de caminhantes. 

As outras foram, o peso elevado da mochila- entre 7 e 8 kg, o máximo permitido para meu peso, mas alto devido a minha condição de ancião - e a hidratação deficiente. Boa parte do caminho, particularmente trechos íngremes são feitos com o sol fustigando seu corpo nas horas mais desfavoráveis do dia. Peso e calor, associados a trechos de subida e descida íngremes compõem uma tríade de fatores  que se não encarados com seriedade, podem retirá-lo de combate.

Sobraram  presunção e peso na mochila, faltou hidratação. Permiti que a fadiga chegasse a seu gráu máximo e após o vigésimo km ao parar para tomar água desfaleci, sendo acudido por um grupo que caminhava próximo. Hidratado, percorri o trecho final livre da mochila. Foi um dia penoso, coroado pelo entorse que ocorreu quando perdi os sentidos.

Lições aprendidas, pretendo retornar em 15 dias. Não descansarei enquanto não vencer a(s) montanha(s). São várias: Pico do Gavião, Serra dos Lima, Serra do Caçador, Serra da Luminosa além da descida íngreme das Pedrinhas entre  Campos do Jordão e Aparecida.

Haja fôlego, juizo e fé. Ou... parafraseando os gaúchos:

- Não podemo se entregá pros home! 


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