domingo, 1 de novembro de 2015

Código de Ética.

Quando o recebí pela primeira vez considerei-o mera peça de marketing, uma griffe  para dar respeitabilidade à companhia certamente sugerida por umas das muitas  técnicas de governança (aaargh!) que hoje são  dictat no meio empresarial. Nada a ver com a realidade do rotina diária. Conheço meus gerentes de longa data e as vicissitudes da companhia para afirmar isso. A bem da verdade, minha gerência não participou das bandalhas que maculam o nome da empresa  mais talvez pela falta de oportunidade de acesso ao butim do que pelas virtudes pessoais de seus gerentes. A falta da ética nas gerências a que pertenço não se dá por desvios de dinheiro,  passa pelos vícios comuns que caracterizam nossa sociedade  como o compadrio, a leniência com o erro, a fuga do conflito.
Estou abordando o tema porque soube que no folder que promoveu a edição de 2005 do Código estava nada mais nada menos que o Pedro Barusco, que apesar de ter feito o que fez de alguma maneira está resgatando sua imagem, prestando um grande serviço à empresa e ao país revelando a todos, aquilo que nós - arraia miúda da empresa- sabíamos que rolava nas suas entranhas.  Não fosse o instituto da delação premiada, a empresa estaria até hoje negando tudo do que é acusada e tentando impingir à sociedade uma versão mentirosa, amparada obviamente no que se convencionou chamar de  legalidade jurídica que é o tour de force dos nossos advogados.
Afora a mentira permanente em que vive o mundo oficial,  queria destacar o cinismo e a cara-de-pau desse mesmo mundo quando promove o  Código de Ética utilizando-se de alguém com o prontuário de um  Pedro Barusco. Evidencia que ética não passa de uma peça de marketing, assinada pelo marqueteiro de plantão, ou por um profissional de relações públicas ou institucionais.
Ética é algo muito sério para ficar a cargo desse pessoal. Ou se tem ou se não tem. Está escrita na carne de cada um. Não é nem alegoria, nem adereço. Aprendí ética com Aristóteles, Platão, Tomás de Aquino, Sto Agostinho e a vi praticada por meu pai  e superiores no seminário.
Deve haver algo de muito podre no reino quando o Código de Ética de uma empresa tem como garoto-propaganda um Pedro Barusco.


Nenhum comentário:

Postar um comentário