Liu Shaobo era professor visitante de Literatura na Universidade de Columbia, em Nova York, quando soube dos protestos na Praça Tiananmen em 1989. Largou tudo e foi se incorporar aos manifestantes. A foto abaixo correu o mundo - certamente é uma das grandes fotos do século XX. Faz parte de um vídeo que mostra um manifestante até hoje desconhecido que parou uma coluna de tanques na praça. Chorei quando a ví - afinal sou geração 68. Queria ser aquele cara!
De nada adiantou minha comoção, pois mais uma vez os poderosos venceram e massacraram o movimento.
Iniciava-se então o Calvário desse professor nas mãos do regime comunista chinês. Foi preso, depois perdeu seu emprego de professor, sua casa, passou uma temporada num campo de reeducação para o trabalho, em seguida voltou para a prisão de onde saiu para um hospital onde morreu de câncer poucos dias atrás. Ganhou o Nobel da Paz em 2010 que nunca recebeu. Foi uma das causas para o regime colocar em prisão domiciliar sua mulher. Para ela escreveu:
Mesmo que eu seja esmigalhado até virar poeira, haverei de abraçá-la com cinzas
Dele e dos companheiros da praça Tiananmen:
Preferimos ter dez diabos que se controlam mutuamente do que um anjo que dispõe de poder absoluto.
Grandes homens são raridades nesses anos de chumbo. Fará falta!
Boa parte das informações do texto foram retiradas do artigo Um grande homem de Dorrit Harazim - O Globo, 16.07.2017.
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