sexta-feira, 30 de março de 2018

Irmã Morte

Assim a chamava São Francisco de Assis. Está a espreita. Não a temo, medo maior oferecem-me as  pessoas.
Um colega muito próximo, no sentido que você quiser pois é vizinho além de companheiro de todas as horas,  comunica-me - prostrado - que a esposa está com um câncer de pulmão já disseminado pelo organismo. Pela medicina ortodoxa , são pequenas as chances de sobrevivência; há a opção de jogar tudo prá cima e optar pela alternativa e apostar em milagre. Nessas horas em tudo se liquefaz, talvez ela opte por isso, já que será sua a decisão. Tudo foi repentino, os sintomas surgiram nos últimos 5/6 meses. É também  surpreendente pois ela ainda é nova; terá no máximo 60 anos. As mulheres normalmente sobrevivem aos homens. 
No Sul, minha mãe, está apática, sonolenta, refratária até para sair da cama. A cada dia sua  visão e audição diminuem. Sinais evidentes de que está jogando a toalha. Tem 94 anos. Torcia para que chegasse aos 100, mas estou perdendo as esperanças diante do quadro pouco animador.
...e finalmente eu. Estou enfrentando sessões de  radioterapia diárias; serão ainda dez.  No diagnóstico da histopatologia há uma frase preocupante: Presença de permeação perineural. É a possibilidade do tumor se espraiar pelo organismo todo. É o que veremos com o PET-Scan que farei um mês após ter concluído a radioterapia. Se positivar, terei que me preparar para a visita da irmã. Só peço a ela,  que me deixe partir doucement.

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