Ontem deram cabo da LavaJato. Muitas garrafas de Bordeaux, da Borgonha e muito vinho intranquilo de Champagne devem ter sido abertas. Só coisa fina, porque finos, ricos e poderosos tiveram muito a comemorar acompanhados de sua armada jurídica - advogados que só trabalham a soldo de mais de seis dígitos como o grupo Prerrogativas, só para dar um exemplo.
Os erros que cometeu, além da postura de alguns de seus membros, lhe foram fatais. Ninguém buliria com os interesses da turma do andar de cima de Pindorama desde que foi fundada, tão profundamente como ela o fez, sem sofrer consequências. Porisso tornei-me um fã dela. Entretanto, os mal-feitos - revelados por operações ilegais (Intercept e Spoofing) - que se deram mais nos ritos e na condução dos processos, do que nas sentenças - referendadas por instâncias superiores - foram determinantes para sua extinção.
Teve o mesmo fim que a Operação Mãos Limpas italiana. Nós, latinos, parece que estamos condenados à corrupção. Ela faz parte do nosso dia-a-dia, perpassa todos os estamentos da sociedade; abarca todo o arco político. A última década provou isso; tivemos a corrupção das vestais da esquerda nos governos petistas, a corrupção clássica de atacado dos centristas desnudada no governo Temer e finalmente a corrupção miuda, de varejo dos ultraconservadores bolsonaristas.
Pessoalmente, já me rendi a essa realidade. Pouca coisa se faz por aqui sem um por fora, uma prebenda, um favor. Impessoalidade é miragem. Em Pindorama o There´s no lunch for free de Milton Friedman é uma cláusula pétrea do nosso way of life. Há exceções. Raras, diga-se de passagem.
Além da LavaJato, já havia sido extinta a operação Greenfield que investigava os desvios bilionários dos fundos de pensão das estatais; fato que me afeta profundamente pois já despendi enormes quantidades de dinheiro extra para cobrir o rombo provocado na Petros. Não cometeu nenhum dos pecados imputados àquela, mas não foi poupada o que mostra que a senhora corrupção desfila incólume por essas terras, além de se mostrar impiedosa com aqueles que a ameaçam.
- Requiem scant in pace, LavaJato e Greenfield.
Não se desafia os donos do poder - boa parte deles, barões da corrupção - impunemente. Os bandidos levaram mais uma vez.
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