segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Onde há fumaça, há fogo

Os sinais emitidos por nosso tempo são desalentadores para alguém que vivenciou outros tempos mais viscerais. De acordo com uma pesquisa feita na Inglaterra pela empresa KAM e citada na  matéria assinada por  Ronaldo Lemos na Folha, uma mudança cultural está em curso com o crescente abandono, particularmente entre pessoas mais jovens, do uso de bebidas alcoólicas. Cresce o consumo de cervejas e até vinhos não-alcoólicos, drinks de frutas, classificados - ai, Jesus! - como refrescantes.  São as tais bebidinhas. Termo que traduz com felicidade seu conteúdo.

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Para um sujeito  como eu, que bebe além do razoável - termos que teriam sido usados por Churchill, quando certa vez foi inquirido a respeito das quantidades de álcool que ingeria - essa modinha definida pelos ingleses como low & no, não passa de um constrangedor retrato de uma época. Não consigo imaginar como alguém que nunca tomou um porre  em razão de um fracasso ou frustração profissional ou sentimental tenha provado visceralmente da vida. Será que beberam um drink - refrescante! - de frutas  para celebrar?  O Zeitgeist de início deste século, por esta e por muitas outras manifestações é - definitivamente - desalentador.

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Para os mexeriqueiros de plantão, devo informar que bebo em torno de uma garrafa de vinho ou espumante  diáriamente. Nunca fiz arruaça em função do uso além do razoável de álcool - sou tímido! - e os exames mostram que meu fígado e minha função hepática são normais, para desespero dos meus médicos. Um deles que também bebe, rí a beça com o fato. 

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Frustração - olha uma aí! - é não beber com a qualidade que  Churchill fazia - vinhos de Bordeaux e champagne Paul Roger - mas não posso me dar a esses luxos. Fico com os espumantes nacionais e vinhos portugueses, argentinos e chilenos, mais acessíveis ao  bolso de um rapaz latino-americano.

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