segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

A solidão não é para os fracos.

As festas do final de ano caracterizadas como uma celebração do encontro entre familiares, colegas de trabalho,  amigos, pessoas próximas...sempre trazem à baila a questão da solidão e das pessoas que tocam o barco da vida como barqueiros-só. Nestes dias, sentem-se como ilhas, rodeadas por festas de confraternização por todos os lados. Para a grande maioria, haja  constrangimento, inadequação, desconforto, e até mal-estar a depender da história de cada um.

A situação certamente motivou a coluna de Eduardo Affonso  para o Globo de 27.12 dedicada à solidão e recheada de frases retiradas de canções da nossa música popular sobre ela. Com alegria descobri no cronista um coleguinha na condição - definiu-se como um solitário crônico. Não sei o que ele quer dizer com crônico mas espero que seja a de um solitário de fato e de direito: vive e mora só. Há os solitários de butique e uma legião que não se reconhece na condição, embora tenha uma vida social intensa, ou divida o mesmo teto com companheiro ou companheira. 

Chamou minha atenção a frase: - Há a crença de que as pessoas solitárias fracassaram; ninguém as quis. Eu acrescentaria: -... foram incompetentes. Não conseguiram arrumar ninguém. É o que elabora o imaginário social; o solitário é considerado um pária. Do alto dos meus 74 anos, penso que teria sido melhor ter embarcado em alguma das situações que a vida me ofereceu - uma, qualquer uma! como reza a canção - a ter que conviver com esse estigma. Quanto à solidão, não me incomoda, tampouco a temo. O desconforto vem de fora, não parte do meu interior. 

(voltando à nossa música popular...)

-  Lamento Dolores, mas a solidão não acabou comigo.


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