domingo, 11 de janeiro de 2015

Je ne suis pas Charlie

A questão não é o terror e suas consequências. Abomináveis. Não vou perder tempo.
É a liberdade de expressão tomada como absoluta. Liberdade absoluta é dar um tiro na própria cabeça, acho que foi Sartre quem escreveu. Quem a defende, o faria? O problema é o absoluta. 
Absoluta é um end point. End points são referenciais teóricos,  eles não existem no quotidiano. Tido e havido como absoluto, só o Deus dos cristãos, caso ele de fato exista.
 Existe limite para tudo. A pergunta é onde estaria este  limite que de alguma maneira vai se constituir numa censura. Até onde admitiríamos esse ponto de corte à liberdade de expressão.  O humor bête e noir do  Charlie Hebdo oferece  riscos. O condenável/injustificável  atentado de quarta-feira passada é uma prova disso.  Nunca o lí mas as capas que ví fazem abordagens agressivas a respeito de alguns temas. Quais os limites do humor e do riso e aqueles do insulto? É  um consenso muitas vezes difícil entre quem o  faz e quem é objeto.A Internet está aí para mostrar verdadeiros psicopatas à solta, ofendendo a Deus e o mundo, destruindo reputações impunemente. Basta contrariá-los.
O episódio do Charlie Hebdo  é o desfecho trágico  do encontro das liberdades absolutas de uma pena  e de um AK-47.
Fico com a linha editorial do New York Times, Washington Post e The Guardian que não publicam cartuns ou pixelizam detalhes por eles considerados ofensivos. Até onde eles estão se censurando ao preço de não ajudar a destampar panelas de pressão ou desencadear a irracionalidade dos ataques de quarta-feira  é a pergunta de um milhão de dólares.

PS - Poderão me tomar como favorável á censura, mas por uma questão de formação sempre preferi a liberdade ao pão. Logo...

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