segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Um país opaco

Países morrem, mas os valores de uma sociedade vivem nos seus membros, e todos nós, como figuras públicas ou não, estamos perdidos nos nossos papéis. Somos todos coniventes com o ambíguo, o sombreado, a cautela e com um desprezível respeito pela democracia que não vive sem sinceridade (hoje apelidada de “transparência”), como dizem todos os seus teóricos a partir dos federalistas e de Tocqueville.

Essa frase do artigo do Roberto da Matta para o Globo de 16.09.2015 - De Mago a Bruxo - ( tá falando do Lula!) motivou-me a escrever sobre algo de corriqueiro que há muito observo presente  nas relações interpessoais dos grupos que convivo: a opacidade das pessoas. Falta transparência na maior parte das relações das quais somos atores. Mente-se e trapaceia-se a torto e a direito. Num ambiente mefítico desses quem vai confiar em quem? E sem confiança no interlocutor  não se constroem relações pessoais, por extensão uma sociedade, tampouco uma democracia  como queriam os federalistas americanos e Tocqueville. Vive-se,  pisando em ovos, ou caminhando sobre um campo minado. Ninguém confia em ninguém porque afinal ninguém é confiável. Daí que temos que reconhecer firma da nossa assinatura, o comprovante de residência deve ser aquele do mês anterior e por aí vai. É como se todo mundo fosse trapaceiro. Diga-se de passagem que a maioria é mesmo... O preço? Vivemos imersos em teias sufocantes de leis, convictos de que elam impõem limites à trapaça, quando devemos trabalhar para acabar com o espírito de porco (nada contra eles!) que nos domina. Com isso damos asas à burocracia e os burocratas que se justificam como anteparos necessários à corrupção. É um belo sofisma.
Em que buraco fomos nos meter!

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