quinta-feira, 12 de outubro de 2017

...e lá se vão 100 anos de Revolução Russa.

Todas as revoluções tem liberté, egalité, fraternité e outros slogans nobres inscritos em suas bandeiras. Todos os revolucionários são entusiastas, ou até fanáticos; todos são utopistas, com sonhos de criar um novo mundo do qual a injustiça, a corrupção e a apatia do velho mundo sejam banidas para sempre. São intolerantes com a divergência;incapazes de concessões; fascinados por metas grandiosas e distantes; violentos, desconfiados e destrutivos. Os revolucionários são irrealistas e inexperientes em governar; suas instituições e procedimentos são improvisados. Eles tem a inebriante ilusão de personificar a vontade do povo, o que significa supor que o povo seja monolítico. São maniqueístas, dividindo o mundo em dois campos: luz e trevas, a revolução e seus inimigos. Desprezam todas as tradições e a sabedoria herdada, os ícones e as superstições. Acreditam que a sociedade pode ser uma tabula rasa na qual a revolução será escrita.

Está na natureza das revoluções terminar em desilusão e desapontamento. O fanatismo murcha; o entusiasmo se torna forçado. O momento de loucura e euforia passa. A relação entre o povo e os revolucionários se torna complicada: fica evidente que a vontade do povo não é necessariamente monolítica e transparente. As tentações da riqueza e posição retornam, junto com o reconhecimento de  que cada indivíduo não ama seu vizinho como a si mesmo, nem quer amar. Todas as revoluções destroem coisas cuja perda não demora a ser lamentada. O que elas criam é menos do que os revolucionários esperavam, e diferente.

   Sheila Fitzpatrick escreveu isso no Prefácio do seu livro A Revolução Russa, Ed. Todavia, que teve sua 4a edição recentemente publicada.

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Incrível como mudamos nossa cabeça. Ainda bem! Sempre cultivei a idéia de que era um revolucionário dos anos 60. Até 20 anos atrás,  discordaria desse texto, ainda encantado com as idéias revolucionárias de 68.  Hoje concordo geral com a historiadora australiana. Pedindo licença aos mudernos, diria que Sheila  lacrou ! 

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