É uma semana para os anais da história do país. Chegamos ao final dela e ao final do verão, um dos mais quentes da história aqui no Rio, como uma nau a deriva. Não sabemos em que porto atracaremos, se não afundarmos antes.
O crème de la crème sem dúvida foi a divulgação das gravações envolvendo o Lula. O que é dito alí, num país sério derrubaria a república.
Revelam o eu verdadeiro que se esconde por detrás de máscara trabalhada pelo marketing dos protagonistas, figuras importantes da vida pública desse país. Há pérolas de afronta às instituições, preconceito, arrogância, deboche, temperados com uma linguagem a nível da sarjeta. Enfim o ser humano na sua plenitude.
É verdade que nem sempre pode-se colocar para o distinto público o que é
dito em caráter privado. Entretanto, é verdade também, que longe das
amarras do público (sociedade) revelamos sem reserva o que transita
pelo nosso imaginário. Um espetáculo deprimente encenado por Lula que está jogando no lixo sua história, e outras figuras dignas do atual picadeiro político.É o eterno retorno das nossas misérias. Sempre, mais do mesmo.
Agora pior, com o acréscimo de um elemento novo: o palavrão usado como
vírgula, numa feliz expressão de Rui Castro (Folha, 19.03.2016).
Nos anos da minha juventude invectivávamos contra a hipocrisia dos mais
velhos. Quarenta anos depois, pouco mudou. Quem criticava naquela
época, toma o lugar dos hipócritas de ontem.
É desanimador e preocupante o rumo tomado pelos acontecimentos. Os mais velhos dizem que acirramento de ânimos dessa grandeza se deu apenas nos tempos pré-suicídio de Getúlio Vargas.
Falta dignidade, falta grandeza, sei lá, falta tudo. Esses audios certamente são um dos grandes fatos desse período pós-ditadura. Deixam claro que muito há que ser feito para que nos tornemos uma sociedade que alcance maioridade na sua democracia. Quem quiser entender esse país precisa ouvir seu conteúdo.
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