sábado, 4 de junho de 2016

Um país para poucos.

Todo essa celeuma em torno da extinção/restauração do Ministério da Cultura revela alguns componentes que fazem nosso país ser o que é. Primeiro porque não é necessariamente a  existência de uma autarquia com o status de ministério que vai garantir maior/menor  atenção para essa indigitada senhora. Aliás, pelo que andei lendo,  raros são os países que contam com ele. A Cultura fica normalmente embutida no ministério da Educação ou das Comunicações.
Existe, entretanto, debaixo desse guarda-chuva uma minoria barulhenta que viu na extinção do ministério, uma ameaça à Cultura. Na realidade, a ameaça é contra os interesses dessas corporações que usam o argumento da  Cultura como biombo. O povo brasileiro, os pobres e despossuídos, frequentemente, são utilizados de maneira semelhante.
Mas, vamos ao que interessa. A polêmica trouxe para a berlinda a Lei Rouanet e o uso distorcido que dela se faz. Ela é ótima se usada para carrear recursos para a restauração do nosso abandonado patrimônio histórico - museus, igrejas, prédios públicos -  ou manifestações culturais marginalizadas ou com pouco apoio/visibilidade na midia. Quem dela usa e abusa, entretanto, de acordo com informações do quasi-extinto  Ministério são os figurões da nossa música popular e teatro. Até o Rock in Rio dela se beneficiou. Um dos favorecidos - conhecido diretor de teatro - escreveu em artigo publicado em O Globo, que aquele dinheiro era das empresas, não do Governo. Ou ele é mal informado, ou bem... deixa prá lá... pois esse dinheiro é imposto que ao invés de ser carreado para saúde e educação, financia, nesse exemplo,  uma peça teatral para um público composto na sua grande maioria, pela  classe média alta da Zona Sul carioca.
É comum assistir a essas pessoas dando entrevistas, publicando artigos em jornais e revistas denunciando um Brasil injusto, dominado que é, por uma casta financeira e política. E a casta cultural, que também faz parte dessa entourage? Ou esqueceram de olhar pro próprio umbigo, ou, vai ver, não enxergam mesmo


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