Neste salvou-se a Prefeita de Paris.
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A Prefeitura de Paris proibiu um festival feminista em julho. Erro meu. O
festival não é apenas feminista. É negro e feminista. Motivo?
Discriminação. No referido festival existem espaços não autorizados a
brancos. Para Anne Hidalgo, a prefeita, o caso é intolerável. E várias
organizações que lutam pelos direitos dos negros condenaram o racismo
óbvio dos organizadores. O que diria o mundo, a começar pelo mundo
negro, se houvesse um festival só reservado a brancos?
A resposta foi dada pela jornalista Charlie Brinkhurst-Cuff no "The Guardian":
a comparação não faz sentido, diz ela. Quando os brancos se reúnem em
espaços exclusivos, isso representa "preconceito" e "superioridade
étnica". Quando o mesmo é praticado por negros, isso é partilha de um
sofrimento comum. No caso, o sofrimento dos negros às mãos dos brancos.
João Pereira Coutinho, UOL, 02.06.2017
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Já no segundo, a polêmica ainda corre solta no NYT.
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Não é todos os dias que um ensaio filosófico inicia uma polêmica na mídia. Aconteceu.
A professora Rebecca Tuvel escreveu na revista Hypatia um artigo sobre o transracialismo (In Defense of Transracialism ). Explico: será que ser negro é apenas uma questão de ancestralidade ou de pigmentação da pele? Ou qualquer um pode reclamar-se como negro?
A título de exemplo, a prof. Tuvel relembra a odisseia de Rachel Dolezal, a ativista americana dos direitos dos negros que sempre se apresentou como negra –e que foi denunciada pelos pais (ambos brancos) como uma farsante.
Ninguém gostou, muito menos a comunidade negra que acusou Dolezal de loucura, desrespeito, oportunismo. Em sua defesa, Dolezal afirmou que a negritude não é uma questão hereditária ou biológica. É uma questão mental, emocional, existencial. E cultural: ela, branca, via-se como negra. E como negra desejava ser tratada.
Para a prof. Tuvel, as reivindicações dos transracialistas devem ser respeitadas. Exatamente como respeitamos a comunidade transgênero na luta contra o preconceito. Não é legítimo condenar Rachel Dolezal e aplaudir Caitlyn Jenner.
João Pereira Coutinho, Folha , 23.05.2017
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Já no segundo, a polêmica ainda corre solta no NYT.
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Não é todos os dias que um ensaio filosófico inicia uma polêmica na mídia. Aconteceu.
A professora Rebecca Tuvel escreveu na revista Hypatia um artigo sobre o transracialismo (In Defense of Transracialism ). Explico: será que ser negro é apenas uma questão de ancestralidade ou de pigmentação da pele? Ou qualquer um pode reclamar-se como negro?
A título de exemplo, a prof. Tuvel relembra a odisseia de Rachel Dolezal, a ativista americana dos direitos dos negros que sempre se apresentou como negra –e que foi denunciada pelos pais (ambos brancos) como uma farsante.
Ninguém gostou, muito menos a comunidade negra que acusou Dolezal de loucura, desrespeito, oportunismo. Em sua defesa, Dolezal afirmou que a negritude não é uma questão hereditária ou biológica. É uma questão mental, emocional, existencial. E cultural: ela, branca, via-se como negra. E como negra desejava ser tratada.
Para a prof. Tuvel, as reivindicações dos transracialistas devem ser respeitadas. Exatamente como respeitamos a comunidade transgênero na luta contra o preconceito. Não é legítimo condenar Rachel Dolezal e aplaudir Caitlyn Jenner.
João Pereira Coutinho, Folha , 23.05.2017
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