domingo, 18 de junho de 2017

Truculência, intolerância, cafajestada...

Ví um video em que um militante de esquerda molesta um jornalista da Globo no aeroporto (Alexandre Garcia). Há poucos dias um grupo de petistas que participaram do congresso do partido em Brasilia,  tinham feito o mesmo com outra jornalista (Miriam Leitão) da mesma organização. A atitude já é asquerosa de per si, porque o cara era cínico e debochado mas ouvir a ladainha de impropérios do rapaz era um suplício à inteligência e racionalidade. Lá pelas tantas mostrou-se defensor de gays, mulheres e negros, autoproclamados vítimas maiores da intolerância da sociedade, ele próprio numa atitude de intolerância rasa. O princípio da contradição, entretanto, deve ser  de difícil inteligibilidade para um militante, de qualquer matiz ideológico, diga-se de passagem.
Atitudes truculentas de militantes, conheço desde a infância. Sempre as ví partindo da esquerda. Na distante década de 60, elas eram comuns entre brizolistas que criaram células chamadas de  Grupo dos 11 (Gr-11) com lendas ou não, associadas a ações truculentas. Foram extintas com a Revolução de 64. Há muitos anos, no Rio presenciei a ação de uma tropa de choque, possivelmente com matriz brizolista - nessa época Brizola morava no Rio -  molestando o falecido governador Mário Covas na saída da Assembléia Legislativa da cidade. A agressividade assustava. Mário Covas passou com cara de paisagem. Incrível o comportamento dele. Haja disciplina para guentar na marra tanta provocação.
Os petistas que são primo-irmãos dos brizolistas herdaram o triste hábito. Há poucos dias, em um grupo de Rede Social, que discute apenas futebol, esse clima de intolerância que vige na política ameaçou se insinuar. Partiu de um militante de esquerda, per supuesto. Um dos integrantes com quem tenho divergências políticas passou a usá-las para desqualificar meus argumentos restritos exclusivamente ao futebol com aquele tratamento especial que só eles sabem usar. Reagí. Obriguei-me a sair do grupo para evitar um desconforto maior entre os participantes. Ele se foi também.
Com esse pessoal funciona assim. Ou você está a favor das causas democráticas, populares e progressistas ou é coxinha, reacionário, machista, homofóbico e por aí vai. Não se discutem idéias jamais. Parte-se imediatamente para a desqualificação do opositor. Desconhece-se que entre 8 e 80 há 72 diferentes maneiras de ver o mundo. Se você não baixar a guarda o enredo final pode ser a pancadaria que pode começar verbal e terminar física. São incapazes de conviver com a diferença, eles próprios defensores dos grupos que a pregam. São pobres em tudo e por tudo. Muito mais pobres daqueles que dizem defender. Esses, pelo menos em sua maioria, tem dignidade.

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Não quero atribuir apenas a esquerda esse tipo de atitude. Minha experiência pessoal é com eles. Acontecem na direita mais extremada, particularmente em outros países. As brigadas fascistas são um exemplo do passado. No Brasil, na história recente, entretanto, eles parecem ser primazia de grupos de esquerda. Talvez com Bolsonaro e sua turma a direita encontre seu lugar ao sol nessa área. É uma atitude comum aos extremos do espectro político, normalmente associada a regimes totalitários; fascismo, nazismo, comunismo. Prova inconteste de que os extremos  se tocam. Porisso, prefiro o meio. Afinal, diziam os latinos: In medio, stat virtus.

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Usei direita e esquerda aqui sem aspas, mas  essa clivagem - particularmente hoje -  está ficando demodé. Em particular em Pindorama, onde ambas assaltam o Estado - leia-se eu, você, nós, os contribuintes - sem a menor cerimônia.
Precisamos de novos rumos para nosso país fora dessa camisa de força que balizou o debate no século XX. Emmanuel Macron e seu La République en Marche, estão nos indicando o caminho. Temo, entretanto, que só sairemos desse atoleiro, com uma solução verde-amarela, que necessarioamente terá que passar por  cachaça, samba e mulata misturados. Nosso imaginário e nossa história, tem pouco a ver com Liberté, Egalité, Fraternité, queijos e vinhos.


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