sexta-feira, 24 de maio de 2013

Mi fa fastidio...

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O problema de Barack Obama, disse outro dia uma ex-assessora, é que na verdade ele não gosta muito de gente. Até surpreende, continuou Neera Tanden, que ele seja um político. Não telefona para ninguém e não é próximo de muitas pessoas nem no seu partido.
Apesar das muitas dificuldades e hesitações do presidente americano, eis aí um motivo a mais para eu simpatizar com ele. Custa a confessar, mas sinto o mesmo: não acho fácil gostar de gente.
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O inferno são os outros, disse Sartre --e, se a frase costuma ser citada por todo mundo, não é menos verdade que funciona especialmente bem entre intelectuais.
Claro, para citar agora a Simone de Beauvoir, ninguém nasce intelectual. A pessoa se torna intelectual, ou nerd, ou matemático, porque prefere a companhia de livros, computadores e números à dos amiguinhos da escola.
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Sim, tenho bons amigos e preciso deles. Se vou a um jantar, divirto-me, conto casos, derrotei há muito a própria timidez. Mas faço um esforço, cada vez maior, aliás, para sair de casa.
Nunca saí de casa sem ter levado porrada, resumiu o escritor Pedro Nava. Felizmente não digo o mesmo. Às vezes cumpro até um desafio: o de obter um sorriso, uma risada, de cada pessoa com quem encontro. Como certo personagem de Racine, cubro de flores a borda do grande abismo.
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(Marcelo Coelho - Folha - 22.05.2013)

Não sou o Obama - até ele! Fico surpreso - mas cada vez mais o convívio humano mi fa fastidio... expressão que aprendi criança ouvindo o quasi-italiano falado por minha mãe. Define bem o que me vai pela alma. Pode ser  uma exarcebação narcisista, um crescente desencanto com o mundo... o fato é que reclusão e insociabilidade só fazem aumentar. Acabo numa daquelas grutas da Capadócia... num mosteiro budista da Nepal...ou fico por aqui tentando cobrir de flores a borda do grande abismo?


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