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O Brasil vive um momento de selfies. Um eterno presente em que os fatos e as fotos se sucedem sem contexto e sem enredo. Tudo se esgota no escândalo do dia, no toma lá dá cá, nos implantes de cabelo, na roubalheira da véspera, na amante do doleiro cantarolando Roberto Carlos na CPI, no ex-presidente que se expõe malhando, suando e dizendo banalidades sobre vida saudável.
O Brasil vive um momento de selfies. Um eterno presente em que os fatos e as fotos se sucedem sem contexto e sem enredo. Tudo se esgota no escândalo do dia, no toma lá dá cá, nos implantes de cabelo, na roubalheira da véspera, na amante do doleiro cantarolando Roberto Carlos na CPI, no ex-presidente que se expõe malhando, suando e dizendo banalidades sobre vida saudável.
Autoridades viram piadas corrosivas na rede, onde a derrisão é a
regra. O falso revolucionário que antes cerrava o punho, hoje atravessa a
tela com os pulsos algemados. Amanhã é o CEO engravatado da grande
empresa que explica, com ar compenetrado, como dar propina. Delata-se.
Deleta-se.
.............Rosiska Darcy de Oliveira - O tempo dos selfies - O Globo, 23.05.2015
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Dois fatos me chamaram a atenção no acidente aéreo envolvendo a família Huck:
o ódio destilado na internet em relação ao casal de apresentadores
globais e uma espécie de "comemoração" pelo fato de terem sido atendidos, primeiramente, no SUS.
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O coordenador do Samu de Campo Grande
acusa a Santa Casa de ter negado atendimento a seis pacientes enquanto a
família Huck era atendida com privacidade na UTI cardíaca.
"Fiquei muito decepcionado de ver que de repente a Santa Casa fecha uma
UTI cardíaca para receber o Luciano Huck e Angélica. Estamos com
pacientes entubados e ventilados a mão há mais de 12 horas esperando
atendimento. Por que que eles passaram na frente dos outros?", indagou
Eduardo Cury.
A Santa Casa publicou nota de esclarecimento garantindo que em momento
algum negou ou recusou atendimento a qualquer pessoa que tenha procurado
o hospital.
Não admiraria nem um pouco se isso for confirmado, já que a prática é corriqueira. Mesmo entre nós, reles mortais.
Dentro do SUS, especialmente nos hospitais de ponta, muitos atendimentos
não acontecem de acordo com as regras do sistema (referência e
contrarreferência), mas, sim, por QI (quem indica).
Isso já foi exaustivamente denunciado na imprensa, tanto que não causa
mais indignação. Pelo contrário. O "salve-se quem puder" parece estar
institucionalizado.
Claudia Colucci - Os Hucks eo SUS - Folha, 26.05.2015
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