segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A lama de um país

Bastou a leitura de três matérias sobre a tragédia que as chuvas intensas provocaram no litoral norte de S. Paulo ( 400mm em menos de 6 horas em pontos de Bertioga e S. Sebastião segundo a Metsul) para se chegar às entranhas nada saudáveis de Pindorama. 

Na primeira delas Madeleine Lackso fala da tragédia anunciada e cita reportagens pretéritas, a primeira de 1996 que já alertavam para a ocupação desordenada das encostas da região que só fez aumentar nos anos seguintes, turbinada por pessoas que tinham como ocupação, cuidar dos condomínios e casas de luxo da área mais infensa aos desabamentos - na planície - uma vez que a região havia sido descoberta pelos bacanas da Pauliceia desvairada que dela passaram a usufruir nas suas férias e feriadões.

Depois é a vez de um desses bacanas - um jornalista que com outros 7 amigos alugou uma dessas casas - contar o terror que viveu - coitadinho! E está lá a história do caseiro que teve sua casa parcialmente destruida por um deslizamento de terra. Pois é... 

(era uma matéria que estava na página da UOL. Não consegui resgatar o link)

...e tem o depoimento de uma roteirista que também desceu a Serra para fugir do stress da cidade pantagruélica, que manifestou  sua revolta por ver helicópteros recolherem  alguns desses bacanas  - quem pode, pode! -  enquanto a turma dos desabrigados das encostas continuava penando por auxílio público. Pois é...  

Entreviste esse pessoal. Certamente  falarão que a desigualdade é uma chaga que precisa ser extirpada do país. Problema é que justo eles,  estão contribuindo para que isso não aconteça. Olhassem para o próprio umbigo...

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Ao ver as imagens dos destroços na TV onde misturavam-se carros importados e SUV´s de luxo a árvores e lama de deslizamento, tive o meu momento Mutley - a tragédia cobrara seu preço dos bacanas também. Certamente o fardo lhes será leve. De qualquer maneira não serão apenas os pobres que pagarão a conta. 

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