Nas minhas longas caminhadas nos períodos que passo na casa da minha mãe é comum encontrar cachorros ao longo do caminho; houve os que me atacaram; outros me seguiram, um deles por um longo trecho, um outro não me abandonou mais. Seguiu-me por 15 kms. Levei-o prá casa mas minha mãe, que nunca gostou de animais em casa, vetou sua presença por lá e tive que devolvê-lo à rua num dos episódios mais doloridos que viví recentemente.Na minha última passagem por lá fui mordido por um deles.Como era um cão que podia ou não ser de rua, a vacina anti-rábica era uma medida preventiva necessária.
Aí o Brasil real se manifesta. Minha mãe mora em uma cidade de porte médio no interior do RS. Era sábado. Procuramos o Posto de Saúde. Estava fechado. Fomos à UPA. Não tinham a vacina.
E agora...esperar até segunda-feira? Não teria como aplicá-la pois viajaria cedo para São Paulo para uma reunião de trabalho que me tomaria o dia todo.
Aparece, então, a solução tupiniquim. Uma das cuidadoras da minha mãe é auxiliar de enfermagem e trabalha em um hospital de uma cidade próxima. Ligamos prá ela que pediu-nos para ir até lá. Fui atendido rapidamente por um médico experiente no SUS que - o Posto Médico da cidade também estava fechado- valeu-se do conhecimento que tinha da Secretária de Saúde do município para solicitar uma dose da vacina. Ela, em pessoa, veio trazê-la.Tivesse eu seguido os caminhos formais, teria que suportar a angústia de esperar 3 dias para ser vacinado. Foi fazendo uso da informalidade que conseguí a vacina naquele mesmo dia. O Estado que vive com os nossos impostos, teria sido omisso não fosse uma cidade pequena com a peculiaridade de todos se conhecerem. Cães não folgam aos sábados e domingos.
Elogios para o tratamento no SUS que foi ótimo e para a atitude do Secretária. Entretanto, se houvesse um esquema de emergência montado para situações como essa, seria necessário seu deslocamento num sábado ao meio-dia para uma unidade de saúde do município para suprir uma necessidade tão comezinha?
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