O Homem é um projeto que não deu certo, lí na coluna do Juca Kfouri (Folha,06.06.2015). Estranho ler isso em uma espaço dedicado ao futebol mas totalmente apropriada para o atual estado de coisas vivido por esse esporte. É uma frase devastadora para os otimistas de plantão. Remete a outra, escrita, acho que por Sartre , de que o homem é uma paixão perdida. No inquietante estado de coisas atual, eu me inclinaria a concordar mas ainda tenho alguma esperança, sei lá, talvez, devido à minha marcante formação cristã e àquela fome de transcendência que não me abandona jamais. Sou agnóstico, não ateu que considero pretensão. Somos, entretanto, muito precários para ficarmos entregues a nós mesmos. O pensamento ocidental proclamou a morte de Deus, da metafísica e da transcendência e decretou a falência do Homem como senhor de si. Entregues a nós mesmos, não conseguimos dar conta do recado. As derrotas que o ser humano tem se auto-infringido são cada vez mais constantes e constrangedoras. No século XX os totalitarismos, as duas guerras mundiais, os genocídios. Nesse século, convivemos com a devastação do planeta, causa e consequência das mudanças climáticas, que paira como uma sombra sobre o admirável mundo novo prometido pela ciência e a tecnologia.
Prosseguimos avançando na ciência e na técnica, pagando o preço dos efeitos colaterais, mas como seres humanos a impressão que tenho é de regressão. A época é confusa, de transição. As grandes narrativas esvairam-se. Profetas pululam em cada esquina como cogumelos após a chuva. Basta ser carismático para se estabelecer. É o primado da emoção sobre a razão. Lí por aí que a época tem muitas semelhanças com o período anterior à Primeira Guerra mundial do século passado.
Estaríamos a beira de outra? Não parece. Entretanto apenas algo de grandioso poderá nos resgatar desse oceano de ambição, cinismo, desfaçatez e hipocrisia que banha nossas vidas.
Para confundir , Nelson Rodrigues: Muitas vezes é a falta de caráter que define uma partida. Não se faz literatura, política, futebol com bons sentimentos...
E aí?
Para confundir , Nelson Rodrigues: Muitas vezes é a falta de caráter que define uma partida. Não se faz literatura, política, futebol com bons sentimentos...
E aí?
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