É um livro fácil de ler com o texto dividido em pequenas seções e - contraditoriamente - ótimo para pensar. Eduardo Giannetti é um sobrevivente - um dos poucos intelectuais públicos, antenados com o mundo e forjados na leitura de muitos livros - nesses tempos fluidos e superficiais de redes sociais do século XXI.
A última das quatro partes em que o livro divide-se é dedicada ao Brasil para o qual sonha uma utopia. Ameríndios e africanos seriam a solução para esse impasse anacronismo-promessa que construímos.
Das poucas certezas que tenho, uma delas é a de nossa redenção só virá com uma solução interna. Nenhuma solução que venha de fora prosperará aqui dada a nossa atávica predisposição a avacalhar modelos e instituições. Nada de bom que venha de fora pega por aqui. É incrível, mas somos useiros e vezeiros para incorporar o que há de mais deletério em outras culturas.
Nossa história, nossos hábitos nos condenam a construir um modelo crioulo, puro sangue. Quem sabe assim respeitaríamos as instituições nele forjadas.
Nossa história, nossos hábitos nos condenam a construir um modelo crioulo, puro sangue. Quem sabe assim respeitaríamos as instituições nele forjadas.
Tenho minhas sérias dúvidas se isso se daria juntando o lado dionisíaco das culturas africanas e ameríndias com o apolíneo das culturas europeias como ele propõe. Primeiro porque - individualmente como cultura -africanos e ameríndios, não se resolveram até hoje. Depois porque mesclar o suor bíblico ao dionisíaco é tarefa difícil já que somos pouco propensos ao primeiro - como ele mesmo escreve - ...e viciados no segundo! - acrescentaria.
Trópicos Utópicos é publicado pela Companhia de Letras.
Trópicos Utópicos é publicado pela Companhia de Letras.
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