Domingo pela manhã você é o homem mais feliz do mundo, porque está tomando seu desjejum - um brunch sofrível! - com a mulher que você gosta. Por ela, removeria montanhas, daria uma voltinha no inferno!
Ela o que faz?
Inquieta, acessa o celular continuamente. Quando não o faz, dirige-lhe furtivamente o olhar, à espera de uma nova mensagem. Ah, se pudesse jogaria no lixo aquele celular !
...e como se não bastasse...
...e como se não bastasse...
Em um dos poucos diálogos com alguma sequência que entabulamos ela me diz que estava começando a ficar de rolo com alguém. Talvez a pessoa com quem estava trocando mensagens naquele momento. Engoli o mundo naquela hora e tive que me superar para manter a cara lavada até o final. Se há um momento heróico ao alcance de um simples mortal, esse é um deles.
Saí de lá uma ruina.
Em três horas fui do céu para o inferno.
Saí de lá uma ruina.
Em três horas fui do céu para o inferno.
Ato II
Na segunda-feira, um colega - amigo dela - conta-me que promovera no domingo um almoço pelo seu aniversário. Convidara-a e disse-me que trouxera um colega solteiro na expectativa de que pudesse rolar alguma coisa entre os dois. Ela disse-lhe então, que não haveria possibilidade; agora estava comprometida.
Se já saíra arruinado no domingo, ouvir essa historinha do colega na segunda, foi a pá de cal no buraco existencial em que havia me metido. Eu queria essa mulher - duvido que meu colega não suspeitasse disso - mas ele buscou outra pessoa prá tentar iniciar um relacionamento com ela. Ficou claro ali, que aquele mundo me estava interditado; nem ela, nem aquela turma eram pro meu bico. Entre outras coisas, era a velhice apresentando a conta.
Um domingo, duas rejeições. É dor demais; como se te partissem os ossos! Um dia em que os sonhos rasgaram-se. Um domingo em que a ficha - e mais ainda o mundo - caiu.
É sábado a tarde. A semana que não devia ter começado, termina. Sobrevivi à custa de lágrimas, noites mal dormidas e ranger de dentes.
Há que recomeçar. O tempo corre em minhas mãos. Os horizontes se fecham cada vez mais.
P.S.
No domingo anterior ao domingo do desenlace, fizemos uma caminhada. Um amigo meu nos acompanhava. Um dia lindo de outono que gerou fotos belíssimas! No retorno, paramos para um brunch - odeio brunchs! Antes que ele fosse servido, ela editou as fotos no Instagram e saiu para o banheiro. Deixou o celular na mesa com o aplicativo aberto. Bisbilhoteiro, fui passando a sequência de imagens da caminhada até chegar ao início da edição, uma selfie com os três andarilhos, onde ela colocou um título: Parceiros.
Parceiros? Fala sério, cara pálida...com todo o passado que tivemos, comigo movendo montanhas prá ficar perto dela!
Não tivesse me deixado levar pelo auto-engano, wishful thinking - péssimos conselheiros nessas horas - teria evitado que as portas do inferno se abrissem no domingo seguinte.
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