J.P. Coutinho - também sou fã - foi o entrevistado do Roda Viva da TV Cultura na semana passada. É um conservador, mosca branca entre os formadores de opinião e na esfera do debate público no país, dominado amplamente pelo autoproclamado campo progressista. É português, pois raros são os brasileiros que militam na área. Leio sua coluna na Folha quase como um ritual nas terças-feiras pela manhã. Confesso que vê-lo ao vivo, não foi tão gratificante quanto lê-lo. Pareceu-me um tanto pernóstico. Enfim... vai ver sou eu o pernóstico.
Falando sobre jornalismo, chamou minha atenção sua observação de que estando em Londres na época do Brexit, o que ele lia nos jornais e via na TV não era a realidade que ele observava conversando com as pessoas da rua e que, ao final, se materializou com o resultado das urnas. E aí, entrou o Pondé - outro conservador - para concluir que nosso debate público atual, feito através da imprensa e academia é dirigido apenas a um determinado segmento do público. É vero! A grande maioria não participa, desconhece, está se lixando prá ele.
É o país profundo ou cinza como querem os progressistas - claro, eles são a luz! - que com as redes sociais encontrou seu canal, away from grande imprensa e academia, para protagonizar na esfera pública. Essa massa que vivia à margem é o núcleo do bolsonarismo - evangélicos, mundo rural, camioneiros, militares da polícia e do exército, boa parte do mundo das favelas. Compõem o campo conservador e reacionário da sociedade. Os progressistas olham prá eles com desprezo, e os consideram nuvem passageira. Estão enganados. Vieram para ficar.
As redes sociais, utilizadas competentemente pelo bolsonarismo, deram cabo do sequestro do debate da esfera pública, monopolizado desde os anos 60 pelos que hoje se aninham debaixo do guarda-chuva progressista. O bolsonarismo que é reacionário, com o conservadorismo que veio a reboque, tornou-se protagonista gostemos ou não. Grande imprensa e academia deveriam levá-los mais a sério pois são, justo bolsonaristas e conservadores, que limpam a .... com os jornais e publicações do campo que se autointitula progressista.
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