segunda-feira, 29 de agosto de 2022

A marcha da insensatez (II)

Abordei a poucos dias as  escolhas equivocadas feitas pelos eleitores do Rio de Janeiro para a  Câmara de Vereadores; em uma única legislatura elegeram um assassino de crianças e um predador sexual de menores. Questionava as razões da insensatez.

Pois não é que nas minhas andanças pelo que publica a grande mídia nestes dias, deparei-me com o artigo de Eduardo Affonso para O Globo também preocupado com os desatinos dos eleitores embora no plano nacional. Tomo emprestado seus exemplos; na eleição de 1989, elegemos Fernando Collor e desprezamos candidatos do gabarito de Mario Covas, Ulisses Guimarães, Roberto Freire. Algo semelhante, ocorre na eleição que se avizinha. Embora Simone Tebet e Ciro Gomes não tenham a qualidade dos postulantes de 89, são francamente, melhores opções do que Jair Bolsonaro ou Lula, dadas as condições políticas atuais. Entretanto, serão derrotados. 

Nenhum dos favoritos na pesquisa, pacificará o país ou tem programas sustentáveis divulgados para a recuperação econômica. Ambos tem compromisso com o erro uma vez que não reconhecem falhas em suas administrações passadas; estão envolvidos em episódios de corrupção, quer no atacado (Lula) ou no varejo (Bolsonaro). Ambos são iliberais, tem tendências totalitárias (notadamente Bolsonaro),  manifestam simpatia por uma imprensa chapa-branca, e - prá variar! - mentem prá c..... Entretanto,  um deles vencerá as eleições.

É a nossa sina, não apenas brasileira mas latino-americana. Nosso imaginário torto, gosta de um pai-patrão, de  um lider carismático, populista. Que o digam Brizola, Maluf, A.C. Magalhães, Collor, apenas para citar os mais atuais. Argumentos racionais, nem pensar... Vale a emoção, a bravata. En Latino-América,  o povo está acima do pacto político-racional gestado  com a colaboração de diversos atores da sociedade e do qual resulta uma constituição. Entretanto,  em uma democracia liberal, a tudo precede o pacto racional e plural entre os atores.

Vou tomar emprestado do texto do Affonso, os versos de Lupiscínio Rodrigues:

Esses moços, pobres moços

....

Saibam que deixam o céu por ser escuro,

E vão ao inferno à procura de luz.



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