Sei que está se tornando maçante, abordar invariavelmente as misérias da humanidade, mas os fatos, por mais boa vontade que tenhamos, impõem-se, acumulando uma espiral descendente que parece não ter fim.
Ontem a Câmara de Vereadores da cidade cassou - uma boa notícia afinal! - o vereador Daniel Monteiro, por quebra de decoro parlamentar, acusado entre outras coisas de ter gravado em vídeo uma relação sexual com uma menor. Gravações de audio atestam que as novinhas eram sua especialidade em sexo. No ano passado foi cassado o Dr. Jairinho, acusado de assassinato do menino Henry Borel de 4 anos. Em dois anos são dois, os vereadores cassados por delitos nada triviais.
Mais do que a perversidade dos crimes, intriga o fato de gente com graves problemas de desvio de conduta estar ocupando posições de poder no estado e de terem chegado lá, legitimamente, graças ao voto popular. Gabriel Monteiro foi o 3o vereador mais votado em 2020; Dr Jairinho era deputado em sua 5a legislatura.
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Já disseram por aí que a democracia, dos regimes é o menos ruim. De fato, ela carrega ambiguidades às vezes difíceis de aceitar; oferece a possíbilidade de desapear do poder quem frusta nossas expectativas - talvez o maior dos seus méritos - e também nos dá o direito de escolher nossos governantes. Mas aí vamos lá e escolhemos gente como Gabriel Monteiro e o Dr. Jairinho. O que se passa afinal? Onde está o nosso poder de discernimento?
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Votar está se tornando uma atividade cada vez mais penosa. Há uma dificuldade imensa em selecionar alguém que possa merecer o voto sem que não tenhamos que tampar o nariz no hora da escolha na urna. Não sei se é porque a qualidade dos candidatos piorou, se a imprensa coloca os podres de cada um deles na berlinda com uma frequência maior ou se estou ficando velho. São raras as vezes em que opto por um candidato tanto para o Executivo quanto para o Legislativo. Nulo tornou-se a opção preferencial.
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Madeleine Lackso no seu blog da Uol, usa termos de conotação moral bem mais contundentes referindo-se às opções absurdas que fazemos ao dar destaque e poder a pessoas que desrespeitam os princípios mais básicos de decência.
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