quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Uma lágrima para...

Mikhail Gorbachev, um dos grandes estadistas da segunda metade do século XX. Era seu fã incondicional e fiquei muito desapontado com o seu virtual desaparecimento da cena da política russa após sua renúncia como último presidente da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Naquele dia, 25.12.1991, a legendária bandeira vermelha com a foice e o martelo foi arriada do  Kremlin para dar lugar à atual bandeira tricolor.  

Apesar de reverenciado no Ocidente, como um dos principais arquitetos do final da Guerra Fria, internamente ele foi acusado de ter desmontado o império soviético - a antiga URSS - e até hoje é desprezado - um ingênuo a serviço do Ocidente - por aqueles que  acreditam na Grande Rússia  e consideram  o mundo ocidental e seus valores -  liberalismo em especial - um inimigo a ser combatido. 

Vladimir Putin abraça a tese. É dele a frase de que a maior catástrofe geopolítica do século XX foi o colapso da União Soviética. Arrisco-me a afirmar que Putin é o antípoda de Gorbachev, já que tenta reconstruir a Grande Rússia sonhada pelos eslavófilos. A invasão da Ucrânia é apenas um capítulo dessa reconquista.  

Para Gorbachev ajustam-se as palavras do Evangelho: Nenhum profeta é bem recebido em sua terra. (Lc, 4,24).

Capa da publicação portuguesa  Público (31.08.2022)

P.S. Demétrio Magnoli em O Globo, faz uma elegia, com maior brilho e erudição, a um dos grandes estadistas da segunda metade do século XX, que se foi como viveu os últimos anos de sua vida, silenciosamente.

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