Os aniversários, as passagens de ano e as mortes de entes queridos são sempre encontros com o tempo. Estamos nele imersos do berço ao túmulo mas damos a ele pouco valor. Na infância e na juventude o ignoramos.
Senti pela primeira vez a passagem do tempo à medida que me tornava um veterano na Universidade. Não era mais um calouro...Dei-me conta de havia gente mais nova do que eu. Mas as avenidas do tempo ainda eram largas, os sonhos maiores ainda. Os anos de vida profissional com suas realizações, seus sucessos e fracassos somados àqueles da vida dos afetos, vão construindo o arcabouço, a tessitura da sua vida pessoal.
Então você se aposenta, dá-se conta que a velhice está chegando e começa a analisar o que construiu. O passar dos anos, com o consequente conhecimento/experiência acumulados somados a ausência do conteúdo emocional associados ao infighting do dia-a-dia da vida profissional e pessoal permitem olhar para o passado com mais serenidade e chegar a algumas conclusões que sei vão de encontro às Polyanas e devem ser um prato cheio para os (psico)analistas de plantão - provavelmente eu seria um case de personalidade desajustada :
- Teria agido de modo diferente em muitas situações que envolveram decisões cruciais para meu futuro, mas não lamento o fato de não tê-las tomado. O que está feito, está feito.
- Da missa, você sabe apenas apenas a metade e olhe lá! Somos limitados fisica e - em especial - intelectualmente. Sozinhos jamais teremos uma visão abrangente de qualquer problema.
- Nossa personalidade guarda um lado solar e outro sombrio. Não vá com muita sede ao pote nos relacionamentos pessoais.
- A vida é um palco, estamos sempre representando. Não dê crédito ao valor de face. Procure sempre o que está por detrás da máscara; o que é dito e rola nas coxias.
- Seus valores e atitudes podem ser os melhores mas não importam. Você será medido pelos valores da cultura vigente.
- Honestidade, correção pessoal, ética alcançam altíssimo valor nos discursos; na vida como ela é, são moedas que valem pouco. Facilmente são sacrificados por...
- Sucesso, posição social , dinheiro; acompanhados de boas maneiras, então!
- A vida é injusta, cruel muitas vezes. Dê seu jeito para torná-la menos inóspita.
- Uma boa vida afetiva - eu disse afetiva, não sexual! - é a prioridade número um no plano pessoal.
Mas, deixemos de lado esse ajuste de contas com o tempo e com a vida passada bem próprias para esta época do ano de um velho lobo solitário e ouvir de coração leve, a graça e a vivacidade dos acordes do violino na 2o Movimento da Sonata em A maior para violino e baixo contínuo de Pietro Nardini.
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