segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Rio ladeira abaixo.

Vou reproduzir trechos de entrevistas de duas pessoas que meteram a mão na massa e por isso conhecem a fundo a degradação moral em que se encontra o estado pelo menos nas esferas do Judiciário, Legislativo e Executivo tendo os grandes empresários do setor privado e estatais como pano de fundo. Enfim, quase todo o establishment  metido na lama até o pescoço.

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  • A corrupção é maior do que a capacidade de investigar?
É algo desesperador, porque a gente não consegue dar conta do volume de trabalho. Pessoalmente, isso tem sido bastante sacrificante, porque a quantidade de informação é superior ao que a gente consegue processar, e a quantidade de corrupção que a gente tem revelado é muito maior do que a gente imaginava. Os próprios colaboradores falam; "Olha, tenho pena de vocês, porque o trabalho de vocês é infinito".
Eduardo del Hage, Procurador-Chefe da Lava-Jato no Rio de Janeiro.
O Globo, 12.11.2017.

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  • Ficou surpreso com o tamanho do esquema de corrupção no Rio?

Posso falar sobre o processo da Operação Calicute, que já foi julgado. O que me assustou, naquele caso, foi a extensão e a capilaridade. Parece que tem mais gente envolvida do que não envolvida. É uma metástase. A cada hora surgia um personagem novo.
Marcelo Bretas, Juiz  que comanda a Lava-Jato no Rio de Janeiro.
O Globo, 17.11.2017.

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Duro é fica ouvindo advogados, ministros do Supremo, setores da imprensa afirmarem  que a Justiça da Lava-Jato afronta o Direito Penal dos Códigos, está instalando um Estado policial. Se há excessos que sejam corrigidos mas o bem que essa operação faz ao país, expondo suas vísceras é um dos marcos da Nova República que vive seus estertores. Fica difícil não acreditar que essa defesa do Estado de Direito não passe de uma saída elegante para proteger os privilégios que essa malta construiu à luz do Direito para se perenizar no poder nos 500 anos de nossa existência. Legislou em causa própria, construiu um aparato legal  e sobre ele se apoia. Não deixam  de ter razão no  argumento, mas cabe lembrar que em 1850 defender a escravidão era estar ao lado do Estado de Direito. Era puro  non-sense , mas era legal. Atitude semelhante àqueles que  defendem  Lula, Aécio e tutti quanti - pobres vítimas do Estado de Direito! - das arbitrariedades da Lava-Jato. Enquanto os advogados atém-se a firulas da lei e do processo e elaboram narrativas fantásticas para justificar os feitos dos seus clientes em nome do Estado de Direito, eu prefiro a ética e os fatos, eternamente insuficientes para a turma do direito. Malas de dinheiro, contas em paraísos físcais,  versões concordantes   de diversos delatores não são prova suficiente - argumentam.   
Cadeia prá essa canalha.

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