sexta-feira, 16 de setembro de 2022

O que realmente importa

A parábola do filósofo sul-coreano Byung-Chul Hang citado por J.P. Coutinho é  um oásis em meio ao deserto de idéias em que estamos jogados. Um tempo dominado por metanarrativas,  onde  tudo é relativo, mera construção  cultural, jogo de palavras; em que as identidades são fluidas e onde razão e os universais foram jogados no lixo.

A fotografia Boulevard du Temple de Daguerre apresenta de fato uma rua parisiense muito animada. Mas, devido a um tempo de exposição extremamente longo, característico do daguerreótipo, tudo o que se move é levado a desaparecer. Só é visível o que permanece imóvel. O bulevar du Temple irradia uma paz quase aldeã. Além dos prédios e das árvores, vê-se uma única figura humana, um homem a quem engraxam os sapatos e que, por esse motivo, está parado. Assim, a percepção do longo e lento só reconhece coisas imóveis. Tudo o que se apressa está condenado a desaparecer. O Bulevar du Temple pode interpretar-se como um mundo visto com o olhar divino. Ao seu olhar redentor só aparecem aqueles que permanecem numa imobilidade contemplativa. É o silêncio que redime."   

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