O post da Malu Gaspar em seu blog ancorado em O Globo digital mostra como ricos e poderosos com a ajudinha da Justiça, amparada no ordenamento jurídico nacional, invariavelmente conseguem safar-se dos mal-feitos dos quais são acusados.
Diante das novas descobertas do estranho fascinio que a famiglia Bolsonaro tem pelos negócios com dinheiro vivo - uma forma consagrada de lavagem de dinheiro - a jornalista analisa os caminhos às vezes tortuosos, por onde transitam os processos movidos contra o clã, até serem considerados nulos pela Justiça. Investigações do MP e da imprensa, relatórios do COAF mostram evidências sobre uma série de irregularidades em que estão envolvidos filhos, ex-mulheres e irmãos do presidente.
Mas aí entra a Justiça com decisões marotas e inéditas para invalidar provas (relatório do COAF), suspender decisões de tribunais inferiores, transferir processos para outros foros até se chegar ao arquivamento dos processos como os da rachadinhas em que está envolvido o filho Flávio. A materialidade dos fatos nunca foi negada nas decisões, o argumento usado para a anulação baseia-se em questões processuais.
Já vimos esse filme em diversos processos movidos pela LavaJato (Lula é o exemplo maior). Não deixa de ser irônico, uma vez que o descrédito nas instituições é uma das razões apontadas para a ascenção do bolsonarismo que não se envergonha de fazer uso dos mesmos expedientes quando se trata de limpar a própria cara.
Nossa Justiça com suas interpretações da lei de acordo com as conveniências da hora, com a primazia que dá aos ritos, em detrimento da materialidade das ilicitudes, alarga cada mais mais o fosso entre o que é de direito e o que é de fato. É um tiro no pé, uma vez que desacredita a si própria e perigoso para a democracia e o tal estado de direito que nossos democratas defendem com fervor, desde que funcione a seu favor, de seus prepostos e apaniguados.
Vai que um dia o povão canse e bote para quebrar jogando no abismo essa turma que se diverte como se não houvesse amanhã, à beira dele.
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